Opinião: A Cabana

por Jotapê
[Antes de tudo, pedimos desculpas pelo abandono desse espaço. Queremos voltar à atividade com maior frequência. Pessoalmente, ressalto ainda que essa é apenas a minha visão sobre o livro, o que tenho pensado a respeito dele. Quero agradecer às horas de conversa extremamente produtivas com Paulo, Patrícia, Joice e Felipe Vellozo, que me ajudaram a pensar a respeito. São sempre ótimas companhias.]

Recentemente li A Cabana, de William P. Young. Li por curiosidade, por esse livro constar já há algum tempo na lista dos mais vendidos, e por já ter ouvido alguns comentários a respeito dele. Confesso que li já com algum preconceito, e talvez por isso minha leitura tenha sido bastante difícil. Achei o livro, de uma forma geral, mal escrito. Essa impressão pode ter se agravado pela certeza de uma tradução também ruim, que dificulta a leitura. O personagem principal, Mack, me pareceu um pouco artificial, apesar de ao mesmo tempo ser alguém com quem todos podemos nos identificar. As cenas são por vezes surreais, por vezes piegas (mas por vezes boas, também). A representação de Deus é, no mínimo, controversa; tive grande dificuldade em ler cada fala atribuída a Deus, pensando se Ele realmente diria aquilo. Entendo a opção do autor, para quebrar possíveis estereótipos ou imagens pré-concebidas que as pessoas tem de Deus, mas não sei se faria a mesma opção. Outra questão é um aparente universalismo, que parece indicar que “todos os caminhos levam a Deus”, ou que “todos somos filhos de Deus”. Mas são questões com as quais basta um pouco de cuidado durante a leitura, e não se apresentarão como grandes problemas.
Depois que terminei de ler, pude refletir um pouco a respeito da mensagem que o livro quer passar. A mensagem é sem dúvida boa, e a história traz uma série de declarações, às vezes soltas num diálogo, que podem trazer profundas reflexões. A questão da liberdade do homem e da justiça de Deus é tratada com muita sensibilidade, e sugere boas saídas para perguntas muito delicadas. Contudo, uma das coisas que mais me impressionou é o grande número de pessoas que dizem ter suas vidas mudadas após a leitura do livro. Isto porque, para mim, as grandes verdades ali ditas eram na verdade paráfrase do que a Bíblia há muito já diz. E muitas vezes surgem livros, como A Cabana ou O Monge e O Executivo, que fazem um sucesso estrondoso repetindo ensinos bíblicos por vezes básicos. E isto me faz chegar a duas conclusões. A primeira é que as pessoas têm uma grande necessidade de ouvir a voz de Deus, de preencher o vazio que têm dentro de si (o que é óbvio), por isso o sucesso dA Cabana. A segunda é que a igreja, que deveria (pelo menos deveria) ser o “porta-voz oficial” de Deus, tem tido uma grande dificuldade de apresentar a voz dEle, de uma forma que responda a esses anseios elementares da alma. Se assim não fosse, um livro como esse não seria tido como um transformador de vida, mas como uma bela parábola que nos auxilia a lembrar de coisas importantes. Ouvi numa conversa uma pessoa dizer que achava o Deus da Cabana “tão legal!”, em contraste com o que ela ouvia nas igrejas e mesmo na Bíblia. Penso que temos falhado em mostrar que esse Deus tão legal é o próprio Deus da Bíblia, o nosso Deus. Mas também, temos por vezes falhado em reconhecer para nós mesmos e em nossas igrejas esse Deus!
Este livro expõe ainda uma outra característica deste nosso tempo. Num momento de catarse, Mack resolve todos os seus problemas com Deus e consigo mesmo. Muitas pessoas já disseram que gostariam de “viver na cabana”, se referindo a esta experiência milagrosa e transformadora. Mas corremos o risco de cairmos numa espécie de monasticismo pós-moderno, em que nos fechamos em nós mesmos e em nosso individualismo, e não mais num castelo distante. Seria uma solução muito fácil, ao invés de nos darmos conta que o aprendizado que nos transforma se dá no dia-a-dia, num relacionamento com Deus e também com o nosso próximo. Ficamos como Pedro no monte da transfiguração, que deseja fazer tendas para prolongar aquele momento, mas ao descer teve dificuldades para lidar com a “realidade” e expulsar demônios. Se A Cabana tem seus pontos positivos (e sem dúvida os tem), devemos aproveitá-los ao máximo em nossa vida cotidiana, em nossa relação com aqueles que nos cercam, e não ficar apenas imaginando como e onde seria nossa cabana, e esperar que Deus se materialize em nossa frente e resolva nossos problemas numa experiência mística transcendental.
Tendo dito tudo isso, quero reforçar aqui que este é um livro que deve, sim, ser lido, e seus pontos positivos aproveitados e absorvidos. Mas recomendo a todos que façam, sobretudo, uma leitura crítica desta obra e vejam como ela revela questionamentos tão caros à nossa sociedade, e porque suas respostas a esses questionamentos encontram tão grande aceitação. Pensemos assim nossas próprias respostas a essas perguntas e os desafios que se colocam diante de nós em face de uma sociedade que quer, cada vez mais, viver (e se isolar) dentro de uma cabana.

E você, já leu A Cabana? Concorda? Discorda? Deixe seu comentário.

para Phael hoje

Amado Phael,

crendo nos planos insondáveis de Deus, só podemos agradecer, hoje, pelo dia em que ele o trouxe ao mundo. Só podemos agradecer pelo dia em que você encontrou o Alfredo e a Bella, na PUC e na Oitava. Pelo dia em suscitou ciúmes no Eler. E assim que você foi se tornando parte de nós. Pelo momento inusitado em que você teve a ideia do blog. Pelo acampamento que deu a você uma nova esperança e que fez você conhecer o Mateus e o JP.

(Aqui é o Eler falando:) Se Paulo diz aos romanos que o amor não se ufana em ciúmes, do ciúme se formou o amor, nesse caso. Conversar com você foi sempre um desafio, sempre um aprendizado, desde o início. Por isso, fui convencido a confiar a você aqueles que eu amava e de quem estava tão loonge. Já disse certa vez: o Phael é um anjo que Deus colocou na vida de alguns amigos em BH, para cuidar deles, quando eu estivesse longe. Sei que isso é meio egocêntrico. Parece até que eu cuidava de alguém antes… Parece até que Deus ia colocar alguém só para me substituir. Mas serviu pra me deixar tranquilo. (Cala a boca, Eler!)

Você foi obra da providência de Deus, Phael.

Você é o companheiro certo para os questionamentos mais difíceis, para as conversas mais densas.

Obrigado por isso. E que Deus lhe multiplique a paz que você já transborda (e paz é um belo eufemismo para toda sua tranquilidade! haha).

Um abraço dos que estão com você neste mesmo caminho.

A razão em Cristo, Cristo como razão.

por Phael

Algumas vezes me pego em conversas interessantes com o Eler. Essa foi apenas mais uma delas (é um pouco de reflexão de nós dois, mas é também, na maioria das vezes, um monte de respostas – dele – para um monte de perguntas – minhas).

E o que ela tem de tão especial? Ela une Nietzsche, Heidegger, Benjamin, Vattimo e outros e chega a um ponto comum, Cristo. Seja como razão, como sensibilidade, como retórica, como opinião, ela chega a Cristo. E isso a torna especial. (Colocarei notas para explicar cada termo que aparecer.)

Bom, sem mais demoras, vamos à conversa:

Continue lendo ‘A razão em Cristo, Cristo como razão.’

A Carta do Som do Céu e o Régis Danese

por jotapê

Tive o prazer de estar na equipe do 25° Som do Céu, em que a Carta foi produzida. Em meio a muito trabalho, pude ouvir lindas canções, participar de ótimos debates, e principalmente conversar com grandes pessoas, e perceber que sim, há vida inteligente e muito criativa em nossa Igreja. Dentre tantos, gostaria de destacar Stênio Marcius e o pessoal do Crombie, que muito me abençoaram.
A carta me chamou muita atenção por sua pertinência e ousadia, em abordar um tema tão delicado de forma tão diferente como tem sido tratado. Concordo com ela, e assino embaixo de todos os pontos.
Mas, ultimamente, um outro fato, aparentemente sem ligação direta, me fez pensar bem mais sobre a carta, sobre os seus significados e sobre os tempos em que vivemos. Que o mercado fonográfico gospel é um filão bastante rentável, já é sabido, como mostra o contrato da Aline Barros com a Som Livre/EMI. Que hoje em dia existe uma tendência a se querer fazer teologia através de letras de música (ou de “louvores”), também não é nenhuma novidade; e que de tempos em tempos o mercado gospel produz músicas de qualidade duvidosa e que grudam em nossos ouvidos, é ainda mais claro. Mas existe um artista e uma música que juntaram tudo isso, e deram um passo adiante. Trata-se da música de Régis Danese “Faz um milagre em mim”, que você (e todo mundo) já deve ter ouvido, e muitas vezes (especialmente se você anda de trem). Porém, não é apenas no meio gospel que esta música tem sido ouvida. Gravada pelo grupo de pagode Pique Novo (do qual se diz por aí que Régis é amigo, e até autor de sambas), é presença certa nas rodinhas de pagode mais diversas, que em geral não acontecem em igrejas. E é cantada a plenos pulmões por todos, alguns ficando até emocionados (acredite, eu já vi).
Ora, comendo pelas beiradas, a música de Régis Danese tem conseguido um dos objetivos da Carta do Som do Céu, que é eliminar a dicotomia entre profano e sagrado, e lidar com a arte de forma mais ampla, além dessa divisão. E aí está ele, tocando em todas as rádios, gospel ou não… Creio ser esse fato e a produção da carta produtos de um mesmo momento, em que cada vez menos cabe isolar a Igreja do mundo. Sobre isso, conversei com Felipe Vellozo, do Crombie (grande cara!), um dos colaboradores da Carta. Ele afirmou que provavelmente esse sucesso deva-se a alguma influência junto às rádios, que outros artistas até melhores (cristãos ou não) não conseguem ter para ter sua arte divulgada. Mas mais que isso, mostra a grande necessidade que as pessoas têm de ouvir algo que responda a seus anseios, e de preferência algo de qualidade.
Se Régis Danese está abrindo uma porta e uma nova perspectiva na música gospel ou será um fato isolado, é cedo para saber. Mas ainda me inquieta muito o porquê de tantas pessoas cantarem “entra na minha casa/entra na minha vida”… E realmente não sei se é um bom sinal. Mas definitivamente é um sinal, que tem que ser percebido com toda a atenção.
PS: Recomendo uma visita ao espaço do Crombie. É música muito boa, com propostas melhores ainda. Como diz o Vellozo, não é uma banda cristã, mas uma banda de cristãos. Faz toda diferença.

Carta do Som do Céu

Aqui está o documento produzido durante o 25° Som do Céu, realizado na Semana Santa.  Depois de alguma demora, aqui está reproduzida a Carta do Som do Céu. Leia, divulgue e opine. Em breve, falaremos mais sobre ela.

Carta do Som do Céu
Nós, músicos, artistas e líderes eclesiásticos, cristãos, vindos de várias regiões brasileiras, estivemos reunidos entre os dias 6 e 12 de abril de 2009, no Acampamento da Mocidade Para Cristo do Brasil, dias de comemoração dos 25 anos do Som do Céu, para discutir dois temas principais: “A música e os músicos na igreja” e “A igreja como promotora de cultura”. Agradecemos a Deus pelos dias de comunhão fraterna entre nós e pelo privilégio de ouvi-lo entre as vozes pastorais e proféticas que ecoaram em nosso meio. Reconhecemos que a música cristã tem ocupado um espaço significativo em nossos dias, tanto na igreja como na sociedade em geral. No entanto, observamos que nem sempre essa participação tem sido coerente com a Palavra de Deus — nosso referencial maior — nem rendido glórias ao Senhor da Igreja. Desejamos, portanto, apresentar à Igreja brasileira a Carta do Som do Céu, sintetizada em 25 pontos, que resume nossas inquietações e propõe ações práticas à Igreja de Cristo Jesus, neste início de século 21.

1. O artista cristão deve desenvolver o seu dom criativo e submetê-lo exclusivamente aos valores da Palavra de Deus;
2. Cremos que a arte, na perspectiva da graça comum, é um presente dos céus a toda a humanidade e não está restrita aos cristãos;
3. Desejamos que haja coerência entre a vida, o ministério e a profissão do artista cristão, cujo discurso deve estar aliado à sua prática;
4. Esperamos que o artista cristão busque servir a Deus e à sociedade com excelência e integridade, dedicando-se ao desenvolvimento dos talentos e dos dons recebidos do alto;
5. A igreja precisa estar atenta ao artista cristão como parte do rebanho de Deus e dar a ele a atenção devida, despida de preconceitos, e oferecer-lhe pastoreio e discipulado, objetivando a sua formação espiritual e ética;
6. Esperamos que o artista cristão esteja envolvido em uma igreja local, servindo-a e amando-a como Corpo de Cristo. Deve ser rejeitada a tentativa de desenvolvimento de uma fé individualista e distante da comunidade;
7. Reafirmamos que a elaboração de textos e letras deve ter embasamento nos valores da Palavra de Deus;
8. Comprometemo-nos a dedicar atenção e reflexão às canções que são introduzidas no culto de adoração e nas demais atividades da igreja, buscando um repertório equilibrado e consciente e evitando, de todas as formas, que heresias e desvios teológicos adentrem sutilmente em nossas comunidades;
9. As igrejas, as instituições de ensino teológico e os artistas cristãos devem combater o ensinamento equivocado e amplamente difundido de que louvor e adoração restringem-se à musica, ensinando, por demonstração e exemplo, que se trata de um estilo de vida que envolve todas as áreas da nossa existência e que a música, assim como outras formas de arte, é expressão legítima de louvor e adoração;
10. A igreja deve agir como facilitadora na adoração e abrir espaço para que todos expressem seu louvor a Deus;
11. Esperamos que o músico cristão busque e desenvolva a santidade, vivendo uma vida piedosa, tanto no serviço prestado a Deus na igreja, quanto fora dela, em sua atividade profissional;
12. Rejeitamos a dicotomia que faz separação entre o sagrado e o secular e cria espaços estanques na vida do cristão. O Senhor Jesus é soberano e governa todas as instâncias da vida, e, por isso, devemos somente a ele a nossa fidelidade, agradando-o em tudo e rejeitando tão-somente o que ofende a sua glória;
13. A Igreja não se pode esquivar de sua responsabilidade diante da cultura na qual está inserida; deve mentorear a reflexão e a prática de uma teologia de arte e cultura;
14. Incentivamos as igrejas a abrir suas dependências para a realização de eventos culturais, como exposições, mostras, cursos, saraus e outras atividades visando à educação, à divulgação e à aproximação da sociedade;
15. Mesmo entendendo que todo trabalho na igreja é voluntário, podemos honrar com sustento ou remuneração aqueles que se dedicam ao ministério musical, se a comunidade disponibiliza de recursos para tal;
16. Entendemos que nossa arte deve encarnar uma voz profética e manifestar em seu conteúdo os valores do reino;
17. Recomendamos que as igrejas promovam encontros de reflexão sobre a utilização das artes no reino de Deus, capacitando os artistas para a realização de seu trabalho;
18. Incentivamos os músicos a expressar em sua arte a beleza de Deus por meio de uma contextualização e diversidade musical;
19. Reconhecemos o caráter essencialmente transformador e questionador da nossa arte e não cremos que ela deva estar a serviço do mercado;
20. Embora os artistas cristãos não se devam render aos senhores da mídia, tornando-se reféns desta, podem utilizar de maneira ética os meios de comunicação como canal para a divulgação de sua arte, proclamando, assim, o reino de Deus;
21. No que se refere ao relacionamento entre os músicos e a liderança eclesiástica, encorajamos o diálogo, o respeito e o reconhecimento mútuo de seus ministérios como algo dado por Deus;
22. Incentivamos que os artistas cristãos busquem perante o Estado e a iniciativa privada recursos para a promoção de sua arte por meio de leis de incentivo à cultura, editais para financiamento de projetos culturais etc.
23. Encorajamos as igrejas a investir na educação e na formação de artistas;
24. Propomos que as igrejas e as instituições de ensino teológico incentivem as diversas manifestações artísticas e não somente a área musical;
25. Compreendemos que o ofício de artista é legítimo como tantos outros, podendo ser exercido pelo artista cristão no mercado de trabalho e devendo ser apoiado e incentivado pelas comunidades cristãs.

São Sebastião das Águas Claras, 9 de abril de 2009.

Aristeu Pires, Carlinhos Veiga, Denise Bahiense, Erlon Lemos, Gladir Cabral, João Alexandre, Jorge Camargo, Jorge Redher, Marcos André, Marlene Vasques, Nelson Bomilcar, Paulo César, Romero Fonseca, Rubão, Sérgio Pereira e Wesley Vasques.

Para Mateus, hoje*

*Na verdade era ontem, mas foi só pra ele pensar que a gente tinha esquecido…

Para contar a história completa desse blog, precisamos voltar a 2004. Sim, porque de certa forma foi há mais de 5 anos que esse blog começou; ou pelo menos o núcleo praiano do blog. Isto porque em 2004 eu conheci Mateus. Ficamos no mesmo quarto no acampamento da MPC. Mas não deu pra conhecê-lo muito, porque ele sumia o dia inteiro, e só aparecia na hora de dormir. Muito melhor foi em 2005, quando como capitão da equipe do enduro, perdeu nossa equipe no meio do mato. Assim, de ano em ano, o reencontro certo tornou-se em amizade profunda, e em laços de confiança, que a distância não enfraquece. Sempre andamos no mesmo Caminho, mesmo antes deste espaço existir… E, é claro, foi ele que me ensinou o caminho que leva a Valadares.
Aliás, quanta coragem o levou a Valadares! É bem possível que a recepção não tenha sido a mais cortês possível. Foi quase hostil, até, num acampamento de carnaval da igreja da Ilha. Mas já ali, deu pra perceber que o Mateus tinha fibra. As outras viagens a Valadares só vieram a confirmar isso.Não demorou muito tempo pra que ele se tornasse um amigo além dos motivos que o levaram a Minas. Sobrou a amizade pela amizade. E o acampamento de carnaval da Oitava de BH e o blog, depois, só fizeram selar isso.
Por isso, hoje, nosso parabéns é para ele, que, por pura (falsa) modéstia, quase não quis fazer parte do blog, mas que é fundamental para todos nós. Mateus Probst, que Deus te abençoe a cada dia, conservando-o sempre junto a Ele e a nós nesse Caminho!

Esperança e vaidade

por Alfredo

“Se a esperança que se tem fosse apenas nessa vida, não houvesse nada além, nenhum sonho pra sonhar, que esperança mais perdida, ai meu Deus…”

Incomoda-me o tanto que vivemos preocupados com tudo o que vamos fazer. Seja com a faculdade, com o trabalho, com o outro dia, com o mesmo dia, com o próximo minuto. E é sempre assim, essa correria.

Perdemos a cabeça, ficamos chateados, irritados… Coisas que atrapalham a nossa convivência por motivos bobos e que não nos levará a nada nessa vida, sendo que um dia a gente vai morrer e tudo isso ficar para trás.

Como já dizia Salomão: “Tudo é vaidade e correr contra o vento.” E é assim mesmo! Fazemos planos, sonhamos, criamos o nosso projeto de vida, mas um projeto que se resume só nessa vida, nessa vida mortal, esquecendo do nosso destino que é eterno.

Não que devamos largar tudo aqui pra pensar só no que é eterno, mas é viver aqui pensando no que há por vir, não viver aqui para aqui!

A vida aqui é triste e nada nos traz de bom: tanta guerra, violência, decepções, queda de valores: o mundo está mesmo depravado!

Infelizmente é isso que tem tomado conta de nós e nos faz tão desesperados. Somos englobados por essas atrocidades e acontecimentos que esquecemos o nosso papel de “estrangeiros” aqui. Não quero passar um pensamento catastrófico e apocalíptico, mas apenas atualizar a visão desse mundo.

É preciso ter muita fé e esperança no futuro eterno para, assim, vivermos essa vida tranquilamente, sabendo que o melhor ainda virá e que tudo aqui há de passar. O nosso mundo não é esse, e a nossa vida não é aqui, porque tudo que se faz debaixo do sol é vaidade e correr contra o vento…

“… Quando a vida se acabar, nova vida vai brotar, sem paixões, sem dor, sem guerra.” *

 

* Música de João Alexandre

Sim, ela é a minha força!

por Bella

Segunda-feira, na simplicidade e clareza de uma música infantil, percebi algo que, parece-me, era preciso que eu percebesse. Sabe quando você acorda mentalmente cantando uma música que não sabe nem o porquê e nem como ela está ali, naquele momento, dentro da sua cabeça? Foi mais ou menos assim.

De um lado, aquele sol da janela aberta entrando no quarto, de outro, minha mãe me mandando acordar e, ainda de outro lado eu, com minha intensa resistência de querer levantar. Mas nesse dia era diferente. Não era sono. Era medo. Era um dia de medo de encarar a vida.

Geralmente, a única reação dentro desse contexto é pegar o cobertor, por sentir um frio inexistente, cobrir-se até o nariz, encolher as pernas e ficar intacto, dizendo pra si mesmo: “Não, eu não quero te enfrentar hoje vida, me dá um tempo, porque eu sei que vou perder”. Foi em um dia assim, como esse, nada atípico atualmente, que a musiquinha tocou insistentemente em minha cabeça até que eu levantasse da cama. Meio dormindo e meio que inconscientemente eu a cantava e, meio assustada, eu sentia aquilo trazer-me tranqüilidade e calor debaixo daquele cobertor, usado devido ao frio imaginário. Ela dizia:

“(…) e sai pra lá tristeza,

Aqui não tem lugar,

Vou levantar as mãos e vou celebrar,

Ao Deus da minha vida,

Ao Deus da minha paz que me faz feliz demais.

A alegria do Senhor é a minha força,

A alegria do Senhor é o que me faz cantar,

Me faz correr, me faz pular, me faz dizer:

Jesus eu te amo.

A alegria do Senhor é a minha força. (…)”

E ela cantava sozinha em minha cabeça, várias vezes, até que eu levantei.

A história não termina aqui e nem assim, comigo dizendo que, ao levantar, tudo foi incrivelmente diferente e tudo deu certo porque, assim como a bendita musiquinha dizia, “A alegria do Senhor é a minha força”. Assim, nada mais me abalou e, naquele momento eu, agora forte e alegre, consegui correr e pular. Não, realmente a história não termina aqui! Lembro de, em alguma hora desse dia, ter olhado para o espelho e cantado a música com uma expressão linda de alegria. Mas lembro também, de em alguma hora desse mesmo dia, ter chorado intensamente na cama com uma expressão assustadora de tristeza.

Mas, como eu conseguia fazer as coisas? E por quê? Era mais que justo eu ficar o dia todo, lá, no meu quarto, o mesmo do início da história, coberta até o nariz e sentindo aquele frio mentiroso. Eu não tinha forças pra enfrentar a realidade naquele momento. Era mais que justo. Era o meu direito de expressar: “Está doendo”! Por que eu comi naquele dia? Por que eu tomei banho? Por que eu conversei? Por que eu vi televisão? Por que eu fiz suco no almoço? Por que eu levantei daquela cama? Por que eu vivi? Tinha alguma coisa ou muito obscura ou muito simples na conclusão disso tudo. Se, mesmo que eu quisesse, eu não tinha forças, como eu consegui me manter em pé nesse simples dia de uma semana qualquer, em apenas mais um “simples” – grande problema da minha vida? Não sei. Mas sinto que talvez, nesse momento fosse possível entender a missão da musiquinha no meu despertar. Ela veio para dizer que a alegria do Senhor é a minha força. E pronto.

Não vou terminar dizendo que, após isso, tudo acabou bem, eu mentiria. Pelo contrário, não acabou. E também não sei dizer quando isso irá acontecer, pois talvez, todo esse medo, angústia e tristeza sejam apenas um processo de uma ferida que pode demorar muito para passar, ou não. Mas posso dizer que sim, a alegria que Cristo Jesus, o meu Senhor, me dá, é a minha força, que me impulsiona a agir, a viver e a vencer, e é maior que tudo que possa vir a me acontecer.

Para Jotapê hoje

Dois meses não são nada numa vida.
Pra eternidade, então, o que são dois meses?

Dois meses é um tempo em que a gente pode viver hoje 60 dias. Em dois meses, dá pra amar hoje 60 vezes. E isso já é melhor que prometer amar pra todo sempre.

Mas o que tem dois meses? Dois meses atrás não existia esse blog. E nem conhecíamos o Jotapê – só o Mateus o conhecia.
Mas aí ele apareceu, de verde limão, na rodoviária de BH, com um jornal O Globo e uma mala. Dois meses são mais que suficientes para mudar a vida de seis pessoas. Quatro dias já eram suficientes.

No terceiro, já podia confiar no Jotapê como num grande velho amigo. Ali, a gente já soube o que o outro pensava só de olhar. Ali que o Jotapê entrou no nosso caminho. Ali que ele entrou hoje no caminho.

Dois meses já são suficientes pra nos arrependermos de estarmos longe em datas especiais. Sejam alegres, sejam tristes. Já são suficientes pra nos arrependermos de não ter passado juntos todo o tempo que já se foi. Mas, como o passado é lembrança, vivamos hoje, repito! É com grande alegria que agradecemos pela vida do Jotapê. Vai ser o primeiro ano dele com a gente, com o blog.

Hoje, 23 de abril, dia em que nasceu Shakespeare, comemoramos o nascimento desse cara pequeno, mas gigante, de inteligência estonteante. Temos saudade. Mas, se não dá pra estar perto, pelo menos nos alegramos de longe, sem choro. Ou melhor: com choro! Porque hoje é dia do nascimento de Pixinguinha. E Pixinguinha e Jotapê pedem chorinho:

Criticando a crítica

por Mateus

Uma das ações preferidas da humanidade hoje é criticar o próximo. Apontar defeitos, reclamar de falhas, se queixar, são atos constantes no dia a dia. Infelizmente, isso tem acontecido na Igreja, muito mais que o esperado (isso se tivesse que ser esperado). Se você cometeu algum erro durante a semana e mesmo que já tenha pedido perdão a Deus, se prepare, pois mal vai ter posto os pés na igreja, já terá aquela pessoa te olhando torto, contando para os outros o seu pecado. Com qual finalidade? Bem, eu não sei ao certo, mas desconfio que seja para ter uma sensação ilusória de superioridade, pensar que por você ter falhado com Deus, e ficar apontando o seu erro, ele se faz mais crente. Mas é como eu disse, apenas ilusão, te criticar não fará dele melhor, muito pelo contrário, ele também estará pecando ao julgar. (Mateus 7. 1-5)

Como diria a música “Alto Preço” – lado a lado trabalhando, sua igreja edificando – temos que ser só um corpo e mostrarmos a Martin Luther King que estava errado, ao dizer que aprendemos a voar como pássaros e a nadar como peixes, mas não aprendemos a conviver como irmãos. Esta na hora de vivermos em harmonia. Da próxima vez que apontar os erros de alguém, ajude-o a solucioná-los também!


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